Existem dois axiomas populares aos quais recorro para desenvolver um argumento. O primeiro diz que gato escaldado tem medo de água fria; reza o segundo que quando vemos as barbas do vizinho arder, devemos colocar as nossas de molho. Por agora, podemos aprender com a sabedoria popular para não incorrermos no grave erro de silenciarmos diante de um claro processo de autoritarismo que está avançando em nosso Brasil. Pior: essa ação, que sorrateiramente carcome os valores democráticos arrimados, em especial e sempre, nas liberdades individuais e públicas, está a ocorrer em face da ação criminosa de parlamentares e sob o olhar ingênuo, complacente ou covarde de muitos democratas. Os liberticidas, sob o pálio da desfaçatez que apresenta um discurso de defesa da vítima, a liberdade, agem, paradoxalmente, na tentativa de impingir à nação uma lei que não passa de uma dose de peçonha temperada com o doce do discurso democrático.
O Projeto de Lei 2630, de autoria do senador Alessandro Vieira constitui uma farsa, um engodo, um ludíbrio. Só os desavisados desconhecem que os defensores dessa propositura têm uma larga tradição de defesa de governos ditatoriais, onde falecem todas as liberdades, em especial a liberdade de expressão e, concomitantemente, a liberdade das comunicações sociais. Os defensores dessa monstruosidade legislativa criada pela mente conturbada desse senador são os mesmos que aplaudem ditaduras como China, Coréia do Norte, Cuba, Venezuela e Nicarágua.
Lembre-se por necessário que os líderes esquerdistas sempre, ao longo do tempo, afirmaram uma coisa e fizeram outra diametralmente oposta; prometeram ouro e entregaram palha. Isto quando entregaram. A teoria marxista do atendimento às necessidades do povo, em especial às demandas culturais e espirituais, jamais se coadunou com a prática de governos socialistas/comunistas. A história está grávida de exemplos. Sobre liberdade de imprensa, importa citar como exemplo a palavra que nunca se fez palpável, do mais importante marxista, o próprio Marx: ““A censura não me acusa de ter violado uma lei existente. Condena a minha opinião porque esta não é a opinião do censor e do seu amo. Meu ato aberto é julgado por um poder oculto e meramente negativo, que não sabe constituir-se em lei, que se esconde da luz do dia, que não está baseado em nenhum princípio universal.”
Adiante, Marx escreve uma fake news própria dos comunistas que em termos de liberdade não passam do discurso, pois cavalgando a filosofia política do “Pai do Comunismo”, ao ascenderem ao poder estabeleceram regimes de total castração da liberdade de imprensa. Escreve Marx: “Uma imprensa censurada é ruim, mesmo se produzir bons produtos, pois esses produtos só são bons na medida em que eles exibem uma imprensa livre dentro de uma censurada; e na medida em que não está em seu caráter serem produtos de uma imprensa censurada. Uma imprensa livre é boa mesmo quando produz frutos ruins, pois esses produtos são apóstatas da natureza de uma imprensa livre. A essência de uma imprensa livre é a essência característica, razoável e ética da liberdade.” (Cf. LIBERDADE DE IMPRENSA, de Karl Marx. L&PM Editores, Porto Alegre-RS, 2007, págs.63 e 51). Os textos atestam que para os comunistas isso de liberdade é história para boi dormir.