Entrevista publicada no Jornal oestado.com.br em 28 de agosto de 2023
Júlio César Filho (Julinho) nasceu em Maracanaú no dia 3 de abril de 1986. Ainda criança, ele acompanhava o pai, então vereador e presidente da Câmara Municipal de Maracanaú, o economista Júlio César Costa Lima, nos diversos compromissos e nos desafios que se apresentavam no município. A forte identidade de sua família com as causas maracanauenses levou seu pai à Prefeitura de Maracanaú por três mandatos e ao Legislativo Estadual por duas legislaturas.
Sua mãe, Meire Costa Lima, assumiu a Secretaria de Ação Social e ocupou cadeira do Legislativo Estadual de 2001 a 2004. Eleito com 46.082 votos para 4º mandato na Assembleia Legislativa pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o parlamentar atua como presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR), comissão mais importante da Assembleia. A porta de entrada para todos os projetos que tramitam na Casa. Titular de 7 Comissões Técnicas da Assembleia Legislativa. Entre elas, ocupa a função de vice-presidente da Comissão da Juventude e vice-presidente da Comissão de Defesa Social. Filho de Maracanaú, já disputou duas vezes a prefeitura do município e anunciou a sua pré-candidatura para a próxima eleição. Em entrevista exclusiva para O Estado, Júlio destaca pontos importantes em sua trajetória na política cearense.
O ESTADO | O senhor está em seu 4º mandato como deputado estadual, qual o comparativo de ações e mudanças relevantes no Estado que podemos realizar em relação ao seu 1º mandato?
JULIO CESAR FILHO | Tenho o compromisso, desde o meu primeiro mandato, em defender melhorias os cearenses em áreas prioritárias como saúde e educação. Por isso, enquanto líder do governo Camilo Santana, atuei de forma incansável pela aprovação de benefícios para professores e estudantes, como a distribuição de tablets com acesso à internet para os alunos e notebooks também com internet para professores. Uma iniciativa que começou na pandemia e se tornou política pública. Tenho trabalhado em defesa da juventude. Já atuei, em minha trajetória no parlamento, como presidente da comissão da juventude, defendendo a geração de mais emprego e oportunidades para esse público. Tive papel importante na luta pela aprovação do Bilhete Único para região metropolitana, além de várias outras conquistas para a região.
JC | O maior desafio que temos pela frente é reunificar nosso país. Os desafios que encontramos aqui são reflexo dos desafios que o Presidente Lula tem encontrado lá em Brasília. Nossa sorte, é que o Ceará tem tido uma sequência de governos responsáveis no tocante a gestão da máquina pública. Mas no tocante ao Ceará, acredito que os desafios que temos pela frente são relacionados à políticas públicas de combate às secas, à exploração da energia solar e eólica, ao hidrogênio verde e principalmente à zerar a fome.
O E. | Quais os seus projetos para 2023 e qual a prioridade deles?
J. C. | 2023 tem sido um ano de desafios. Meu principal Projeto continua sendo trabalhar incansavelmente pelos interesses dos cearenses, ajudar a consolidar esse Projeto Político que iniciou com o ex-governador Cid Gomes, passando pelo ex-governador Camilo Santana e que tem sido ampliado pelo Governador Elmano. Sem falar, que é necessário consolidar o projeto do PT no país. Saímos de um período obscuro, de negacionismo, de divisão da sociedade, de enfraquecimento das nossas instituições. É preciso fazer o caminho de volta ao que foi feito. E tenho me posto como soldado desse Projeto.
JC | A CCJ é a comissão mais importante da AL, não querendo diminuir o papel das demais comissões permanentes, mas é que todos os projetos que chegam ao Legislativo passam, primeiro, obrigatoriamente pela CCJ. É lá que o corpo técnico da comissão e o corpo técnico do meu gabinete avaliam a admissibilidade das propostas, no tocante às Constituição do Brasil e do Ceará. Em suma, a CCJ é uma das guardiãs das nossas constituições, não permitindo que propostas que ofendam nosso ordenamento jurídico sejam aprovadas.
O E. | Qual a análise que o senhor faz sobre o atual cenário político do Ceará?
J. C. | Eu acho que os resultados do ano passado mostraram que o PT é a maior força do nosso Estado. Isso passa pela liderança do Camilo e do Elmano, que juntos conseguiram definir as eleições ainda no primeiro turno e conseguiram eleger bancadas expressivas para a Câmara e para a Assembleia. Na minha visão, esse é um cenário de consolidação dessas lideranças que contam com o apoio do Senador Cid Gomes, do Prefeito de Sobral, Ivo Gomes, do presidente da Assembleia Legislativa, Dep. Evandro Leitão. Analisar os resultados é muito importante para clarear nossa visão. Por exemplo, o Capitão Wagner quase não consegue eleger a esposa dele para a Câmara Federal. O ex-prefeito RC, que foi um grande gestor, ficou em terceira posição. Isso se deve a escolha que a população fez.
JC | O Ceará é vanguarda. Sempre está à frente dos demais estados. Acho que uma das apostas que temos que fazer é no Hidrogênio Verde, que caminha para ser uma das novas apostas nesse momento de transição energética. Manter os investimentos em educação e principalmente, consolidar as políticas públicas que visam erradicar a fome do nosso território.
O E. | Nos últimos meses, o senador Cid Gomes recebeu críticas de alguns vereadores do próprio partido, o PDT. Você foi um dos deputados que saiu em defesa do parlamentar pedindo respeito. O que tens a dizer sobre ação?
J. C. | Olha só, eu não acho muito prudente comentar sobre assuntos internos de outros partidos. Mas, o Cid foi um dos maiores governadores que nosso Estado teve. Deu uma contribuição imensa ao desenvolvimento do Ceará. É um homem público que não tem nada que desabone sua história. O mínimo que deve se pedir é respeito, respeito não só a ele, como pessoa, mas ao legado dele. O que esses vereadores fizeram pelo Ceará que pode se comparar ao que o Cid fez? Nada! Então minha posição tem sido de fazer justiça, principalmente quando se trata de homens públicos da estrutura do Cid. Eu faria o mesmo se fosse em relação ao Tasso, ao Lúcio ou ao Ciro.
O E. | Qual a sua opinião com relação aos embates entre PT e PDT na política cearense?
J. C. | Esse embate é localizado, ele está restrito à Fortaleza. Nos restante do Ceará, PT e PDT são parceiros. É só observarmos o tamanho do apoio que o Governador Elmano possui entre os deputados do PDT. De 13, 10 compõem a base de apoio. Os outros 3 deputados possuem ligação com o PDT de Fortaleza. E isso é normal, faz parte da democracia. Nossa luta é para aparar essas arestas e pensar naquilo que é melhor pro cearense.
J. C. | Eu tenho muita honra de ter liderado esses dois Governos na Assembleia Legislativa. Aprendi muito com o Camilo, que foi um dos maiores defensores da ciência e da educação. O papel do Camilo durante a pandemia foi essencial para salvar vidas e defender a democracia. E do mesmo modo foi uma honra liderar o Governo da primeira mulher a governar nosso Ceará, resiliente, comprometida e dedicada. Uma das coisas que mais aprendi é a ter compromisso com a coisa pública e principalmente honrar os cearenses que nos puseram aqui.
O E. | O senhor já anunciou a sua pré-candidatura para a Prefeitura de Maracanaú. O que lhe motiva a querer disputar o cargo no município?
J. C. | Eu tenho uma relação umbilical com Maracanaú. Meus pais e meus tios tiveram papel decisivo na emancipação da nossa cidade. Além do mais, meu pai teve a oportunidade de governar Maracanaú em 3 oportunidades distintas. Maracanaú teve sempre a maior participação nas minhas 4 vitórias à Assembleia Legislativa. Então, eu acho que posso retribuir esse carinho, pondo meu nome à disposição dos maracanauenses para que eles decidam. Minha pretensão não é um desejo sem fundamento, ele se sustenta nessa relação histórica e muito mais numa nova visão para a cidade, que precisa inovar em diversos aspectos.
O E. | Você esteve reunido com um deputado da oposição recentemente para discutir alguns projetos para Maracanaú, que é o quarto maior colégio eleitoral do Ceará. É possível alguma união entre o PT e o PL para a disputa da prefeitura?
J. C. | Vale ressaltar que o Dep. Fed. Junior Mano do PL está na base do presidente Lula em Brasília. Eu acredito que não há adversário político que amanhã não se sente à sua mesa nem aliado político que amanhã não se retire dela. Por exemplo, PT e PSDB são adversários históricos, mas lá em Maracanaú, que é uma cidade governada por um político que por muitos anos foi do PSDB e hoje está no União Brasil que tem nomes como o Capitão Wagner, o PT administra uma Secretaria Municipal.
Muitos petistas votaram no atual prefeito em detrimento do candidato do próprio PT. Então não vejo problema algum em uma aliança que una as oposições por um projeto político que se assemelhe ao que governa o Ceará.
É importante destacarmos que em Maracanaú a eleição conta apenas com o um turno. Sendo assim, é imprescindível a união da oposição. Se houver mais de um candidato da oposição, a gestão se favorece. Deste modo, defendo a união de todos os pré-candidatos: o Dep. Federal Júnior Mano, o Dep. Estadual Lucinildo atual (PMN), Daniel Baima (PT). Todos juntos contra o atual prefeito Roberto Pessoa.
J. C. | Tenho vários projetos, como trabalhar junto a investidores para que seja construído um Shopping na região da Pajuçara, gerando renda e emprego. Firmar parcerias com o Governo para que seja criado um campus da UECE lá. Construir 10 CEIS, hoje Maracanaú não fornece educação infantil de qualidade, as creches são terceirizadas a aliados políticos da gestão, sem salubridade, sem conforto e sem dignidade. Esses são um dos inúmeros projetos que tenho para nossa cidade.
O E. | Além de disputar o cargo como Prefeito de Maracanaú, o senhor tem interesse em realizar alguma outra disputa de cargo igual ou similar, no Ceará ou no Brasil?
J. C. | O tempo e as circunstâncias são pais das nossas escolhas e dos nossos destinos. O futuro não me pertence, né? O que posso dizer no momento é que irei disputar a Prefeitura de Maracanaú ano que vem. O que virá depois disso, só o tempo dirá.
Por Ismael Azevedo