O Programa Jovens Embaixadores leva, anualmente, alunos de escolas públicas de todo o Brasil para uma experiência de três semanas nos Estados Unidos. A ação, criada em 2002 pelo Departamento de Estado dos EUA e coordenada pela Embaixada daquele país, tem possibilitado a muitos jovens da rede estadual cearense a chance de conhecer de perto a cultura norte-americana, sob o viés do desenvolvimento social. Amadeu Bezerra de Morais Neto, do Colégio da Polícia Militar General Edgard Facó, em Fortaleza, e Sarah Uchôa da Silva, da Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Paulo VI, também na capital, representaram o Ceará na edição de 2023 do Programa, que ocorreu de 10 a 30 de janeiro passado, após terem sido classificados em etapas seletivas.
Para concorrer a uma vaga, era necessário saber falar inglês, ter desempenho escolar de excelência e perfil de liderança, além de participar de projetos de empreendedorismo social ou ter tido uma ideia que gerasse impacto coletivo.
Amadeu Neto concluiu o Ensino Médio em 2022, no Colégio da PM, onde frequentou durante os últimos 12 anos. Enquanto esteve na instituição, fez parte do projeto “Amigos da leitura – eu sou cidadão”, que busca incentivar o debate no ambiente escolar sobre questões como raça, gênero, sexualidade e desigualdade social. A principal característica da iniciativa, de acordo com Amadeu, é a utilização de recursos como leitura, artes e outras ferramentas lúdicas, com o objetivo de promover o pensamento crítico, o protagonismo estudantil e a abertura de novas perspectivas de vida aos participantes.
Antes e depois
“A experiência como jovem embaixador foi algo muito desafiador. Com certeza, é um daqueles momentos que no futuro eu vou olhar pra trás e perceber o quanto mudou a minha realidade. Além do que aprendi nos workshops e nas visitas a projetos sociais, acho que a coisa mais marcante pra mim foram as pessoas, os amigos de outros lugares pelo país, a minha host family (família anfitriã, que o hospedou durante a estada), as pessoas que ajudaram a realizar o programa aqui e nos EUA”, destaca.
Amadeu diz ter ouvido falar no Programa ainda em 2017, quando viu matéria sobre o assunto. Contudo, por não acreditar que teria possibilidade de ser selecionado, sequer cogitou buscar a vaga. Somente quando já estava no último ano do Ensino Médio resolveu se dar a oportunidade de tentar. “Prometi a mim mesmo que, se tivesse outra chance, eu iria me inscrever, e valeria a pena independentemente de qual fosse o resultado. Então, em agosto passado abriram as inscrições para a edição de 2023 e eu consegui”, relembra.
“A gente precisa ocupar os lugares que são nossos e fazer o possível para mudar nossa realidade e daqueles que estão à nossa volta. Espero que outros alunos de escolas do estado cheguem ao Programa e mostrem para o mundo o nosso valor”, ressalta Amadeu.
Prática
Sobre a oportunidade de conversar em inglês com habitantes nativos do idioma, o estudante revela ter ficado surpreso com o próprio desempenho. “Não achava que seria capaz, mas tive boas e longas conversas com minha host family e com outras pessoas durante a viagem. Algo que me deixou muito feliz foi que todas essas pessoas eram muito abertas a me ajudar e a me entender. A gente tem que perder o medo de falar, porque muitas vezes é o medo que nos trava”, considera.
Agora na condição de aluno egresso do Colégio da PM, Amadeu juntou-se à ex-colega de escola Vitória Albuquerque, que havia participado da edição de 2022 do Jovens Embaixadores, para desenvolver um novo projeto social. A ação, que segundo o estudante foi fortemente influenciada pelo “Amigos da Leitura – eu sou cidadão”, foi denominada “Comunicação Juvenil – Coju”, e busca incentivar a formação de clubes de literatura, clubes de retórica, laboratórios de redação e de escrita criativa em escolas públicas.
“A gente quer fazer workshops e aulas que tragam para os alunos atividades em que eles tenham a oportunidade de trabalhar a comunicação e o autoconhecimento”, expõe.
Identificação
Sarah Uchôa ouviu falar no Jovens Embaixadores ainda no primeiro dia de aula do Ensino Médio, durante atividade de acolhida realizada pela EEEP Paulo VI, no ano de 2020. Na ocasião, uma aluna da instituição que já havia participado do Programa, Aisha Paz, foi convidada para falar sobre o que vivenciou na viagem. “Simplesmente me apaixonei pelo programa, enquanto escutava o relato tão impactante. Desde então, comecei a me engajar em projetos sociais, que logo descobriria como outra paixão enorme: ajudar pessoas e somar conhecimentos”, descreve Sarah.
Durante os anos de 2021 e 2022, a estudante atuou no “Projeto Arbo”, que tem como objetivo plantar mudas frutíferas em comunidades e espaços públicos do Brasil, além de mapear as árvores já existentes, combatendo a insegurança alimentar e oferecendo à população alimentos saudáveis e de qualidade. Além disso, a ação visa disseminar a educação ambiental. “O Arbo tem um aplicativo com o mesmo nome, em que se pode encontrar essas plantas. Também existe um perfil no Instagram sobre o projeto”, elenca.
A primeira tentativa de participação de Sarah no Jovens Embaixadores ocorreu no início de 2022. Contudo, de acordo com a estudante, não foi possível concluir o processo de inscrição devido a imprevistos que surgiram. “Pensei em desistir do programa, mas com o apoio de minha mãe e da professora Simone, que sempre viu grande potencial em mim para ser jovem embaixadora, segui em frente e participei da tão incrível edição de 2023”, salienta.
Sarah conta que voltou da viagem com o desejo de fazer outros jovens engajados socialmente, para que também tenham possibilidades semelhantes. “A experiência no início foi desafiadora, principalmente nos primeiros dias, mas logo consegui me adaptar à rotina cheia de aprendizado, troca de saberes e agenda lotada. Conhecer os 49 embaixadores de todo o Brasil foi incrível demais. Voltei para o Brasil mudada, pois expandi meus horizontes para novas oportunidades, como também voltei com um pedaço de cada lugar do Brasil no peito. Só sabe a emoção e a aventura que é ser embaixador quem a viveu”, evidencia.
Novas ideias
A partir do engajamento em causas de cunho social, Sarah começou a desenvolver o próprio projeto durante a viagem. A ação, que no momento está em fase de ajuste, pretende promover a educação ambiental nas escolas e na comunidade em geral, tendo como foco a importância da reciclagem e os impactos gerados pela produção de lixo.
“Eu já possuía um olhar diferente para as causas sociais e sempre quis ser agente mobilizador de mudança na minha comunidade. Participar do Jovens Embaixadores me impulsionou a continuar seguindo esse sonho e ser a mudança que eu quero ver no mundo. Espero em breve estar com meu projeto ativo na comunidade”, diz a jovem.
Para quem também pensa em participar do Programa, Sarah aconselha a persistir no objetivo. “Trace metas para alcançá-lo e torná-lo real. Porque se alcança o que se almeja de tijolinho em tijolinho, e a cada dia podemos fazer algo para chegar mais próximo da realização dos nossos sonhos”, finaliza a estudante.
Fonte: https://www.seduc.ce.gov.br/