Estou no Cariri desde sexta-feira passada a cumprir compromissos pertinentes às minhas responsabilidades como assessor parlamentar. Fui surpreendido com a notícia de que o deputado De Assis Diniz apresentou projeto de decreto legislativo à Assembleia Legislativa do Ceará requerendo ao Tribunal Regional Eleitoral-TRE, a realização de um plebiscito no município de Juazeiro do Norte, propondo à população local a mudança do nome atual para Juazeiro do Padre Cícero. A iniciativa não é nova, mas, a meu entender é oportuna e justa, porque faz justiça ao fundador da mais importante urbe da região caririense, cuja respeitabilidade sócio-econômica e cultura se deve exatamente à presença icônica de Padre Cícero no município que ele fundou e, por extensão, em toda a região.
Os ex-deputados Giovani Sampaio e Heitor Férrer tentaram sem sucesso mudar o nome de Juazeiro do Norte para Juazeiro do Padre Cícero. Não insistiram na ideia, que há muito tempo já deveria ter sido acolhida legalmente, uma vez que Juazeiro é, de fato, uma invenção do Padre Cícero, e um dos milagres concretos do controverso sacerdote. Se não fosse a liderança do sacerdote, que foi protagonista dos fatos miraculosos em que a hóstia se transformou em sangue na boca da Beata Maria de Araújo, provavelmente Juazeiro do Norte não existiria com a pujança que tem atualmente. Juazeiro é, inexoravelmente, uma cidade que nasceu, cresceu e se mantém sob o pálio de Padre Cícero.
O pedagogo Lourenço Filho, que liderou uma regorma no sistema de educação mo Ceará, sob o governo do professor Justiniano de Serpa, visitou o Juazeiro em 1923. Escreveu um livro crítico sobre o que observou em Juazeiro e sobre à então já venerada figura do Padre Cícero. Lourenço Filho muito apropriadamente intitulou o livro de JUAZEIRO DO PADRE CÍCERO. Este, sem dúvida, deveria ter sido o topônimo original da Terra do Padre Cícero. Com efeito, poetas, cantadores, escritores e o povo em geral, quando se refere à Meca do Cariri sempre diz Juazeiro do Meu Padim ou Juazeiro do Padre Cícero.
A iniciativa do deputado De Assis Diniz vai ao encontro do anseio do povo cearense, em especial da população juazeirense, marcadamente os romeiros, devotos e afilhados do Padre Cícero, iguais a mim. Já passou a hora de se prestar a mais justa homenagem ao “Cearense do Século”. Padre Cícero foi um homem, um líder, um santo.
BARROS ALVES
JORNALISTA, POETA E ASSESSOR PARLAMENTAR
